terça-feira, 22 de janeiro de 2013

"Não estou seguro de que Portugal regresse aos mercados em breve"





O economista Nouriel Roubini considera que Portugal poderá vir a necessitar de uma reestruturação ordenada da dívida.



Portugal deve apostar numa agenda do crescimento porque se continuar no caminho exclusivo da austeridade as consequências sociais e políticas serão avassaladoras. O alerta foi feito pelo economista Nouriel Roubini durante uma pequena entrevista à margem da conferência da Coface a decorrer em Paris.
"As pessoas estão dispostas a apertar o cinto e a sofrer, mas têm de ver luz ao fundo do túnel. Depois de cinco euros de recessão, podem pacientemente esperar mais um ano, mas não lhes podemos dizer que vão ter mais quatro anos de recessão", diz o professor de economia da Stern School of Business.

Sobre o iminente regresso de Portugal aos mercados, Roubini mostrou-se cauteloso. "Não estou seguro de que o acesso ao mercado vá acontecer nos tempos mais próximos", disse.

Roubini explicou que não é "contra a austeridade ou as reformas estruturais, mas a Alemanha, no centro da zona euro, não tem enfatizado o suficiente a necessidade de crescimento económico".

E será esse crescimento que evitará a necessidade de Portugal ter de fazer uma eventual reestruturação organizada da dívida. "Poderá ser necessário, não sei se isso acontecerá este ano ou no próximo, mas se não houver crescimento, os rácios da dívida poderão permanecer insustentáveis e eventualmente uma reestruturação da dívida detida pelo Estado ou pelos privados, em dois ou três anos poderá ser necessário e desejável". "Mas não estou a afazer uma afirmação peremptória", alerta.
Portugal pode precisar de apoio adicional
O professor de Economia admite ainda que Portugal poderá precisar de apoio adicional da ‘troika'. "Provavelmente, tendo em conta os esforços do ponto de vista orçamental e as reformas estruturais, Portugal vai recebe-lo. Se o Grécia o recebeu, Portugal também merece, tendo em conta que foi dado algum alívio de dívida à Grécia".

Entre as soluções que o economista defende para Portugal, além de uma reestruturação ordenada da dívida também poderia tentar negociar um prolongamento das maturidades dos empréstimos, tal como foi dado conta pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, na reunião de ontem do Eurogrupo.

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